sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Caso maquiagem

Hoje eu ia passando em frente a uma loja e vi os manequins. Tive vontade de paquerar, pois sempre confundo manequim com vendedora. Às vezes me assustam também. E os de criança, então?


Trilha sonora: Marina - Adriana Calcanhotto
Adriana Calcanhoto - Marina
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Cabelo curto é coisa de mulher prática, é raro vermos uma pessoa de cabelo curto na minha pequena cidade. Por isso achei que fosse um manequim de uma criança, com peruca curta. Mas era uma menina mesmo. Rica. Branca. Um cabelo usado por poucos e uma roupa também: na certa, de marca, e parecia nova também. Bem penteada apesar de ser o final da tarde. Uma bolsa pequena a tira-colo e, não reparei, mas devia estar usando maquiagem.

As crianças tendem a repetir os padrões adultos na busca de aprovação por parte deles, exceto quando elas reconhecem padrões próprios para elas, que sirvam para o seu reconhecimento. Fico pensando nos pais capitalistas (leia-se cheios de grana e gastadores) que ficam enchendo essa menina de coisas. Tem um vídeo no youtube dizendo que crianças que recebem tudo o que querem nunca estão satisfeitas, querem sempre uma nova coisa. Isso surge da incapacidade de compreender como a necessidade foi gerada. E foi gerada do lado de fora dela, não é algo genuíno. Criança pode viver sem celular e ser feliz. Pode viver sem maquiagem. Pode viver sem muita coisa, desde que tenha o que realmente é importante. E o que é importante? Não sendo a maquiagem, vamos aproveitar a deixa para voltar pro caso.

A maquiagem tem uma origem muito antiga. Alguns estudiosos consideram que as pinturas faciais e corporais dos povos primitivos já era um tipo de maquiagem. Um forte exemplo foi o kajal(?), criado pelos egípcios e muito usados nos olhos, tanto por homens (se esses eram de elite) quanto por mulheres. A maquiagem hoje em dia é usada para reforçar ou atenuar traços, especialmente no rosto, como é o caso do clipe Bad Romance. Dava pra fazer uma grande lista de casos específicos ligados à maquiagem, mas eu quero me deter sobre outra coisa.

Contexto social. Maquiagem hoje em dia é usada como símbolo de busca por um par sexual. É um signo de um rito, de uma necessidade. Muitos podem discordar, mesmo assim, irão notar mais olhares à pessoas maquiadas. Criança não tá pronta pra entender a origem da maquiagem. Pode até chorar, espernear, berrar, rolar pelo chão, ganhar óscar de melhor drama do ano, mas maquiagem não é coisa para criança. Ela não compreende, ela teima, ela quer, ela não acredita, não entende. Eu ainda não sou pai e não sei ainda o que farei, mas tenho algum tempo até lá. Tem sempre um contexto que explica porque e quando podemos ou não liberar isso. Mas, pais, pensem nisso, tá?

Make-up é a palavra inglesa pra maquiagem, e literalmente podemos traduzir como construção. Ou seja: é uma invenção, não é o seu eu natural. Fico besta quando ouço mulheres dizerem "ah, hoje não, hoje não estou arrumada." Quando a gente casa, acorda ao lado da pessoa, vê ela nos momentos mais estranhos e anti-estéticos. A gente se liberta pra acreditar na beleza da pessoa, na beleza que transcende a aparência. Especialmente nas mulheres noto uma insegurança maior com relação à sua aparência (outro dia discorro a respeito). Vamos encerrar que o post está ficando longo, e minha mensagem final é:
Todo ser humano é bonito. "Você já é bonita com o que Deus lhe deu."