Aleilton Fonseca é um escritor sobre o qual não tenho muito a
falar, e na verdade, prefiro falar de obras que de obreiros. Faz com que
desfaçamos os preconceitos positivos (um dia falo sobre eles). Pois então esta
é uma análise do conto e não do sujeito que o fez. A análise será também dos
personagens da história, e não do acumástico escritor dela.
“O sorriso da Estrela” é uma crônica relativamente popular no
meio acadêmico (disse o estudante de Letras Vernáculas!), e na internet é
possível encontrá-la digitada por completo, facilmente. Um dos muitos links é
este: http://forum.priston.com.br/showthread.php?tid=69694
Se você clicou no link, notou que é um fórum de jogos, e que,
contudo, até lá a crônica é apreciada. Na história, a menina morre. E isso já
nos é mostrado do iníco: “estava morta a minha irmã”. E mesmo para os
reencarnacionistas, a morta é inexorável, e portanto, por ser uma crônica,
trata de um assunto irremediável, inexorável, e vai além disso (que é o
previsível), mas trata das consequências. E aqui entra a seção de spoilers, que
podem estragar a sua diversão; portanto, se você não leu o conto ainda, leia
clicando aqui: http://forum.priston.com.br/showthread.php?tid=69694
.
Pouca coisa é possível ser dita que o leitor não tenha
notado, mas correndo o risco de fingir que ensino um vigário a rezar, resumo
que o fato ocorre no passado (se é crônica...!), e que hoje, adulto, o
eu-poético (o personagem que conta a história) reflete sobre sua convivência
com Estela. Estela era como um Jesus Cristo, que embora nos lembremos dele
morrendo na páscoa, desempenhou papel mais importante vivo, com suas palavras.
Estela fez isso com suas ações de irmã mais nova: apesar de ser 3 anos mais
velha, agia como se Pedro fosse seu irmão mais velho e responsável. Ele até
gostava disso, fazia com que se sentisse mais homem, como todo menino quer
parecer. Mas aqui e ali, como irmãos que eram, criavam atritos, rusgas pequenas
que Estela ignorava. Ignorava porque sabia que Pedro não a queria mal, apenas
não sabia como se expressar. Escrevo essa análise com o teclado lacrimejado (ê,
exagero!) porque penso no quanto podia ter sido bom, e no quanto não adianta
chorar pelo leito derramado. Pedro poderia ter sido um bom irmão, mas optava
por fugir de Estela, chamando disso e daquilo. E a “louca” nem ligava, achava
que ele era um bom irmão, que era um dindinho. As pessoas são assim mesmo, elas
são coisas por baixo de suas carapaças. Nem sempre temos paciência pra rança-las,
mas a verdade está no fundo, como uma cebola com cascas. Quem não se lembra do
Shrek mostrando-se insensível e desumano, dizendo que ogros têm camadas? O mais
sério e profundo é que é verdade, e por debaixo de uma, existe outra camada e
mais outra e mais outra, até que não haja mais nada. Então escolhemos ou
acreditar que o que estamos vendo é a camada final ou que a pessoa à nossa frente
é mais do que aparenta ser. É a hora em que olhamos pra Pedro e enxergamos
Dindinho. Estela tinha essa capacidade, como nem todos têm. Alguns dirão que
tinha também a capacidade de se iludir, que Pedro só se tornou Dindinho muito
depois, mas aí o caso de eu dizer que a Estela era vidente também. Ela via
muita coisa, via que Pedro queria brincar, queria ser Dindinho, mas que o meio
o tolhia (e como o meio nos tolhe), via que a relação que havia se estabelecido
entre os dois os limitava, via que a vida é curta pra nos limitarmos a troco de
nada, via que a vida é curta apesar não saber que morreria. Via, via, via. E
Pedro não via nada. Era O maduro, O machão, O sério que não precisa aprender,
que não precisa de ninguém, que não precisa nem brincar. E aí a crônica vira (eu
que estou transformando-a, na verdade, em) um texto de auto-ajuda para
repensarmos nossas atitudes, indo além de um dramalhão (como o texto será visto
pelos não-chorosos) e da fábula mítica e distante com uma lição de moral de
quebra facilmente “justificável”.
Há muitas outras coisas que podem ser vistas no textos, mas
eu não posso ver, porque as lágrimas não deixam. E se eu não parar de teclar, o
teclado vai pro beleléu, de tanto sal. Portanto, leia você mesmo, leitor, não
dependa de mim, que sou um formador de opinião suspeito como qualquer
blogueiro, crie seu próprio ponto de vista, faça um blog e textos mais curtos que
os meus, e tão bons ou melhores que o do Aleilton Fonseca. E quem é Aleilton
Fonseca?
Aleilton Fonseca é um escritor sobre o qual não tenho muito
a falar, e na verdade, prefiro falar de obras que de obreiros. Faz com que
desfaçamos os preconceitos positivos (um dia falo sobre eles). Pois então esta
é uma análise do conto e não do sujeito que o fez. A análise será também dos
personagens da história, e não do acumástico escritor dela.
“O sorriso da Estrela” é uma crônica relativamente popular no
meio acadêmico
Quando foi lançado, escrito ou publicado esse conto ?
ResponderExcluirPs: se possível gostaria da sua ajudar para saber qual foi a intenção de Aleilton Fonseca ao escrever o conto.
ResponderExcluirSe me permite, não nos importa qual foi a intenção do autor. Na verdade, a não ser que Você leia mentes, não tem como um leitor saber qual foi a intenção de quem escreveu. Para a leitura é bem mais importante o que o texto diz e como ele diz. E é Você, leitora, quem vai criar uma hipótese, possível a partir do texto para falar dele.
Excluir