terça-feira, 9 de novembro de 2010

Príncipe da Pérsia - As areias do tempo

Trilha sonora (semi-avulsa): Ojitos chiquititos - Don Omar


Ruim. Esse filme é isso. Nem assista pra comprovar, você estará perdendo seu tempo, como perdi o meu. Príncipe da Pérsia é inspirado na série de vídeo-games homônima e... bom, melhor contar a história antes de ... você acabar assistindo.

O rei da Pérsia possuía dos filhos e por um motivo misterioso, nunca explicado no filme (nem mesmo quando o vilão pergunta porque aconteceu de) o rei não se contentar e achar que a família deveria ser maior. ( Por um erro de roteiro, é dito que os deuses é que queriam assim. Até a teognia da história não é nada clara... ). Como quem procura subconscientemente acha até nos lugares mais absurdos, o rei resolve adotar como filho um órfão que vivia pelas ruas da cidade, por achar o menino heróico. O heroísmo foi "arriscar a vida" pra salvar um menino mais novo, que era atacado pelos soldados, por... sei lá porque era atacado, só sei que nunca mais se ouve falar do menino mais novo. Na cena de perseguição, vemos o menino-herói fazer parkour(LINK AQUI) o tempo todo, e tem algo de divertido, afinal, é uma criança, e não um ninja, não tem que saber lutar. Infelizmente, não há lutas dignas em todo o filme, apenas seqüências de parkour que fazem a história parecer um sessão matinê de Aladin, o jogo de vídeo-game.

O tempo passa e o rei tinha um irmão, que vivia para serví-lo e parecia entender bem o seu lugar. Isso sempre é suspeito. Um dia esse tio convence o irmão mais velho (por isso, herdeiro direto do trono) a atacar durante a noite uma cidade santa, com um nome brega, acusada de forjadora de armas para os inimigos dos persas. Mas o irmão Dastan (o ex-órfão) toma a dianteira e atacada a cidade pelo outro lado, conquistando-a antes. A princesa da cidade, tida como a mais bela da Pérsia é uma sacerdotisa desaforada que não sorri durante o filme todo. O irmão mais velho quer se casar com ela, pra unirem os reinos... Porre.

Enquanto isso, Dastan luta já durante o dia (as transições de tempo não são claras) justo com o cara que tem o ítem-chave do filme (coincidência, não?), e vencendo-o, toma a adaga que contém no cabo "as areias do tempo". Na ponta do cabo há um botão-jóia que, pressionado, faz com que o tempo volte alguns minutos, até dois, acho, e só seu portador sabe do colapso temporal. Gasta, a areia não pode ser reposta por areia comum. Nem é explicado de verdade com qual areia se repõe ela (uma vez que a ampulheta final parece proibida de ser aberta). Dastan entre no palácio, e quando a princesa-sem-sorriso vê a adaga, aceita casar-se com seu irmão.

Por motivo mal-explicado, o irmão mais velho não vai pedir diretamente a benção ao pai, mas manda o irmão Dastan o fazer, e junto, um presente de aniversário para convencê-lo: a túnica (capa!) mais sagrada da cidade santa. O rei, como um vampiro em água benta, ferve e morre com a túnica envenenada, e Dastan foge, com a ajuda da princesa-chata, acusado de forjar a morte do rei.

A princesa realmente é um pé-no-saco de chata, e isso nem é para fazer parecer que o amor entre ela e Dastan surgiu dos opostos. Não. É porque ela é insuportável mesmo. Fica o tempo todo procurando chance de pegar a adaga, quando sabemos que se ela quizesse isso mesmo, conseguiria há muio.

Aí os dois passam por uma vila-bandida temida por todos, que nem os persas querem conquistar. Mas não é tão tirana assim e depois de uns acontecimentos mal-explicados, Dastan, que havia perdido seus homens na fuga do castelo real, ganha novos aliados ruins de batalha. Só se aproveita um Ibaca atirador de facas, mas também é mal-construído.

Dastan descobre que uns tais Hassassins (sim, é o nome original dos assassinos) foram pagos pelo seu tio pra matá-lo, e depois de elocubrações dignas de Missão Impossível I, descobre o motivo. Nem eu entendi bem. Os hassassins são "ninjas" ex-guardas do rei, banidos e tidos como extintos, que sem motivo controlam serpentes que não fazem volume ao entrar nas mangas rasgadas de suas roupas pretas de gótico no deserto do marrocos. As cenas de luta com eles são tronxas, sem atrativos... um porre. Nem sei o que acontece com a maioria deles.

A princesa-chata explica que no subterrâneo bem iluminado da cidade santa há uma ampulheta, que quando furada com a adaga faz com que o portador desta possa voltar o quanto quiser no tempo, mas também liberar a "fúria dos deuses", que um dia quase destrui o mundo. Seria o apocalipse. O tio de Dastan queria era a adaga, pra voltar no tempo até o dia em que salvou o irmã-rei-já-morto-no-começo, numa caçada, de uma leoa (porque não um leão? Estudei taxonomia e sei que o lógico seria um leão).

Dastan e a princesa vao ao subterrâneo da cidade impedir (a missão da vida dela era guardar essa adaga. Sabiam que a palavra "vagina" vem de bainha, do latim? Mas a missão dela também era fazer um par romântico, e ser chata, muito chata.) o "fim do mundo". O fim do mundo nem acontece, apesar da ampulheta ser furada. Ah, a moça morre confusa entre querer e não querer morrer pra não impedir o herói de ir combater seu tio-vilão . Ao invés do mundo acabar, o que acontece é que Dastan volta no tempo até o momento em que fica toma a adaga do cara que ele matou e que a tinha no começo. Aí Dastan vai ao castelo e entrega a adaga à princesa chata, que é dada-lhe em casamento pelo irmão-mais-velho ou pelo rei-ainda-não-morto (não lembro), uma vez que seu irmão mais velho tem três esposas. Dastan revela ao povo que o Tio havia tramado a morte do rei para usurpar o trono e este é morte numa luta desesperada de fracote. Só.

Nada se aproveita do filme, nem a música. Nem o making off, que foi o primeiro que não assisti completo. Os diretores dizem que levaram o criadore do jogo para trabalhar a visão deles da história, mas toda a importância dele é na hora de criar locais em CG (computação gráfica) e uns efeitos de alma-saindo-do-corpo, nos quatro ou cinco eventos de volta-no-tempo. A história é pouca coisa mais impressionante que o do primeiro Rei Leão , e os erros de direção são bisonhos, indignos de uma grande produtora de filmes do capeta como a Disney. Vou listar apenas algumas das esquisitices desse longa metragem longuíssimo de duas horas de inação amarelada arenosa.
1. O filme parece que vai prestar até você ver o primeiro erro: o irmão do meio gritar duas vezes "fechem o portão". Até o fim do filme pode acontecer de ignorarmos disso, afinal todas as falas (mesmo as mais "inteligentes") parecem  dejavú  dejavú .

2. Na vila-bandida a princesa-chata é mandada para servir leite de cabra aos apostadores das corridas de avestruzes. Mas parece que eles deveriam pagar e não vemos isso. O que vemos é uma cena da princesa-chata sendo filmada no mesmo ângulo, duas vezes. Dejavú .

3. A chata é então a primeira guardiã? No final, dá a entender que sim, mas isso faria dela uma... imortal? ...Uma vez que ela disse que vieram outras guardiãs antes dela, que sabiam o caminho.

3.1. O caminho para um templo que era apenas um casabre besta, onde havia uma pedra na qual, uma vez enfiada a adaga, essa seria absorvida (e Freud ainda diz que eu fico vendo sexo em tudo). Pois com ou sem briga lá, porque não enfiaram?

4. Na cidade santa, foram os hassassins que acharam a ampulheta final. Como procuraram de dia sem chamar a atenção, sem serem descobertos, sem... ai, meu Deus. Um amigo meu estava certo: ninja que é ninja desvia dos pingos de chuva e não se molha.

5. Não é que o templo-caverna final subterrâneo, em várias cenas, estava muito bem iluminado?

6. Como a princesa ia morrer mesmo, decidiram rolar logo a cena do beijo. Num momento tão inoportuno, sem clima, sem amor, sem paixão. Se eu ganhasse um beijo cada vez que faço parkour!

7. O que foi aquela seqüência tronxa de quando a ampulheta é furada? Nem queira saber! Até a morte bagunçada do TX (T-1000?) de Exterminador do futuro 2 foi mais bem feita que aquilo.

7.1. A ampulheta é furada e o mundo não acaba. Essa antiga-teogonia de hoje-em-dia!

8. Do meio pro fim do filme o herói começa a apresentar umas miçangas que milagrosamente mudam de lugar no cabelo, conseuindo se fixar no cabeço cada vez mais bem hidratado e bem penteado do herói. O héroi não tem habilidade reais de luta, não domina armas de corte, não tem músculos, só tem cabelo. E umas carinhas  que ele faz na primeira metade do filme. Mas o cabelo me impressionou. Até porque é até mais bem-hidratado que o da chata, mesmo no calor de mais de 38 graus do marrocos (que é onde foi filmada essa bagaceira toda. Qual é afinal a relação Marrocos-Pérsia?).

9. Tá certo, o tempo volta e o Dastan encontra a princesa pela primeira vez de novo . Mas na primeira-primeira vez ela não estava usando umas sombras prateadas legais nos olhos?

10. O herói é mal-construído, apesar de tudo. Tem olhos azuis-de-quem-tem-sangue-azul (como os da princesa Anastasia), mas é arruaceiro. Prova disso é que em duas diferentes ele é encontrado em meio a uma briga ( e ele gosta de apanhar, pois nem é bom de briga como Wolverine, lutando na jaula do começo de X-Men - o filme . Ou então isso é erro de edição, como as duas chuvas de meteoros descritas no livro de Apocalipse, da bílbia sagrada, que na verdade são uma. O Dastan nem sua ao contrário da menina. Ele parece aquele cara do seriado Hércules.

Resumo da ópera : o filme é mal-dirigido, mal editado, mal-escrito, mas comentado nos bônus, o trailer é maçante, ele ser um longa é maçante, as lutas são longas e maçantes, as maças e as maçãs são maçantes. A música dos créditos é um arremedo ... Melhor assistir 300 de Esparta, os quais dão umas merecidas porradas nos persas. O filme (e o jogo) nem mesmo se chama "O príncipe da Pérsia". É só "Príncipe da Pérsia". É um príncipe aí qualquer, que nem príncipe era nem principado herda. Nem o nome do sujeito a história  registra. Você registrou? Lembra?

Estava passando balé da PUCPR na televisão: eu devia estar assistindo.

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